sábado, 2 de abril de 2016

Mini ciclone atinge Piracicaba em 2006: dá para acreditar?

Publicado no JP do dia 02/04

Em 29 de março de 2006, por volta das 17 horas, estava em reunião em meu Gabinete no Centro Cívico, com um grupo de empreendedores, que queriam informações sobre o Plano Diretor e a legislação urbana de Piracicaba quando as vidraças da sala de reuniões começaram a balançar devido a correntes fortes de vento.
Dessa sala é possível avistar importante extensão da Estrada do Bangue, e áreas do bairro das Ondas e do Jupiá, quando foi possível avistar uma enorme e densa nuvem escura se aproximando da área central da cidade. Parecia que começava a anoitecer mais cedo, ao mesmo tempo que a ventania se aproximava fazendo com que os servidores do Gabinete corressem para fechar todas as vidraças, tumultuando toda a reunião que se realizava. Alguma coisa de muito grave estava ocorrendo!
Pedimos desculpas aos visitantes e interrompemos a reunião e, imediatamente, acionamos a Defesa Civil, a Guarda Civil Municipal, as secretarias de Obras, Meio Ambiente, Transportes e Trânsito, Agricultura e Abastecimento e a de Transportes Internos, para ficarem em alerta e se prepararem para as emergências que viriam.
Dito e feito. Piracicaba começava a ser atingida por ventos que chegaram a 150 Km/h, numa tempestade somente comparada ao evento ocorrido meio século atrás. O evento, foi classificado por especialistas como mini ciclone, com chuva e ventos fortíssimos, que durante mais de meia hora derrubou árvores, danificou carros, destruiu postes de iluminação pública, arrebentou portas, vidraças e janelas de inúmeras casas de Piracicaba.
Durante a noite era possível perceber todo o estrago causado, com ruas interditadas por postes e árvores caídos e muitas residências ficaram sem energia elétrica. Um grande transtorno para o qual haveria de ter uma reação dos agentes públicos e privados para amenizar o sofrimento e angustia de inúmeras famílias.
A Secretaria do Meio Ambiente foi a mais envolvida no trabalho de remoção de árvores com apoio de secretarias municipais e empresas particulares que foram acionadas para o fornecimento de motosserras, caminhões, guinchos e demais equipamentos hidráulicos. Durante semanas as árvores eram serradas em pequenas partes e empilhadas ao lado das ruas e calçadas, para permitir a passagem de veículos e de pedestres. Mesmo assim, centenas de residências ficaram tendo transtornos por vários dias e algumas ruas ficaram interditadas para o trânsito.
A sociedade se solidarizou auxiliando na remoção de árvores e as prefeituras da região gentilmente emprestaram suas motosserras para que a Prefeitura de Piracicaba e a Defesa Civil tivessem um pouco mais de agilidade.
Piracicaba ganhou as manchetes dos principais meios de comunicação que divulgaram o grande estrago causado por esse mini ciclone que derrubou milhares de árvores de pequeno e grande porte, principalmente nas regiões de Escolas, Taquaral/Unimep e área central da cidade. Mesmo com toda violência das chuvas e ventos fortes, o curso escolhido pelo mini ciclone, poupou áreas da periferia com favelas e residências mais precárias e mais receptíveis aos estragos da ventania. Vale dizer que, na periferia da cidade, praticamente não tivemos anormalidades, numa proteção de Deus às famílias de mais baixa renda. Apenas bairros de famílias de renda média e alta foram atingidas, que por terem estruturas de alvenaria mais fortes, não foram tão abaladas.
Alguns bairros ficaram durante dois a quatro dias sem água ou energia elétrica, levando alguns estabelecimentos comerciais a encerrarem suas atividades por alguns dias. Com a compreensão de todos, a cidade foi retomando as suas atividades normais, mas toda a remoção de árvores destruídas que interrompiam parcialmente o trânsito de algumas ruas levou cerca de três meses. Ainda bem que os danos foram apenas material, preservando a integridade física de todos envolvidos.
Piracicaba perdeu parte de sua área verde que apenas foi recuperada em alguns anos pelo importante e bom Programa de Arborização implantado pela Prefeitura.


Barjas Negri, prefeito de Piracicaba 2005/2012

Um comentário:

  1. É, já passamos por maus bocados climáticos, inclusive uma mais recente um pouco que chegou até a danificar o muro do cemitério não é? Imprevisível.. Será? Acabei de ter uma idéia aqui, Barjas, que quero compartilha-la com você em breve.
    Um abraço.

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