Espetáculo integra projeto Trilogia Rural, aprovado pelo ProAc; apresentações acontecem neste sábado, 29, e no domingo, 30
O
grupo Forfé volta a Ártemis, neste sábado e domingo, dias 29 e 30, para
as duas últimas apresentações de Degredo, terceira parte da Trilogia
Rural, projeto iniciado em abril com o objetivo de levar as artes
cênicas para as zonas distantes do Centro de Piracicaba. Trilogia Rural
foi aprovado pelo ProAc (Programa de Ação Cultural) e tem apoio do
Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura e Semac
(Secretaria Municipal da Ação Cultural).
Com
direção de Thaís Dias, Degredo conta história ocorrida em meados do
século XVII, na qual uma viúva chamada Nhá Flora foi degredada (expulsa)
de Piracicaba em razão da suspeita da comunidade de que ela estaria se
relacionando com um jovem capitão de milícia.
Para
encená-la, sobem ao palco Adriano Mota (ator e cenógrafo) e Fabrício
Zavanella (ator e músico) e as atrizes convidadas Andréia Abreu e
Laruama Alves. “A encenação propõe um jogo nas interpretações dos
personagens, na qual os atores se revezam, interpretando o capitão
Carlos Bartolomeu de Arruda e as atrizes nas aparições de Maria Flora”,
descreve. Por meio de um recurso de audiovisual, há as participações dos
atores Barboza Neto e Elias Lima, o último do grupo Forfé e que esteve
nas duas peças anteriores da Trilogia.
Trabalhando
com teatro em São Paulo, assim como os atores de Degredo, Thaís, que
estreia na direção, conta que os ensaios aconteceram na capital e em
Piracicaba. “Os ensaios realizados em SP facilitaram muito a construção
da obra, já que todos trabalhamos aqui e os parceiros de equipe também.
Tivemos Raniere Guerra, do grupo Esparrama, como diretor musical, e
Jonatham Silva, da Cia. do Tijolo, como compositor de nossas canções.
Esse encontro se fez potente para a construção da obra, pois nosso ponto
de partida é a contação de um causo de amor. Construímos tipos,
desenvolvemos relações e convidamos o espectador para tomar uma xícara
de chá enquanto nos ajuda a reviver esse romance. Esperamos aquecer os
corações com humor e aconchego”, deseja a diretora.
DA ZONA RURAL AO CENTRO – Terminada
a temporada em Ártemis, o Forfé chega ao Centro de Piracicaba, com
apresentações de Palhaços, Delírios e Degredo no complexo da Estação da
Paulista, nos dias 05, 06 e 07 de setembro, sábado, domingo e
segunda-feira, feriado da Independência. Cada sessão irá comportar 40
pessoas e todas serão com entrada gratuita.
Para
Menezes, a experiência pela Zona Rural foi enriquecedora para o grupo.
“A incursão pelos arredores rurais de Piracicaba nos chamou atenção pela
sua peculiaridade. Cada distrito tem uma forma muito peculiar nos modos
de vida. O distrito de Ártemis, por exemplo, é muito mais agitado do
que o de Tanquinho”, descreve.
E
o grupo pôde notar que a vida tem se modernizado muito na zona rural e,
em consequência disso, a cultura e os costumes dos lugares também.
“Pode parecer contraditório: muitas vezes, se excluíssemos os aspectos
da distância (em relação do centro da cidade) poderíamos dizer que a
zona rural hoje está quase totalmente urbanizada. Esses conceitos,
aliás, de rural e urbano, precisam e devem merecer um novo olhar,
inclusive para se pensar e planejar políticas públicas. Logo, se a zona
rural é hoje uma ‘quase urbana’, então, o serviço público deixa um saldo
devedor se comparada a atenção que dá ao Centro. Enfim, se ‘cada lugar é
o mundo’, como disse o geógrafo Milton Santos, então, trazemos agora o
mundo dentro de nós”, comemora, Menezes.
A TRILOGIA –
Em abril, o grupo encenou Palhaços, em Tupi, e em junho, chegou a
Tanquinho, com Delírios, ambas com dramaturgia e direção de Denilson
Oliveira e Jefferson Matias, respectivamente.
Foi
Felipe de Menezes quem teve a ideia de transformar o espaço rural em
espaço cênico. “Existe um saldo devedor de programação cultural na zona
rural. Quanto mais afastada do Centro está a população, maior é sua
carência de equipamentos culturais. E esse projeto vem de encontro com
essa necessidade: sair do Centro rumo à roça”, avisa.
FORFÉ – Criado
em Piracicaba, interior de São Paulo, o Grupo Forfé de Teatro iniciou
suas atividades em 1999, por iniciativa de um coletivo de jovens ligados
a uma igreja. Em pouco tempo, deixou esse formato e adquiriu caráter de
oficina permanente de teatro.
Em
2004, teve início o interesse do grupo por textos clássicos, como
Antígona, de Sófocles, que virou montagem. Voltados para a obra de
Nelson Rodrigues, os atores fizeram experimentações que culminaram
namontagem de Senhora dos Afogados, em 2005, trabalho que levou o grupo
parafestivais e lhe rendeu prêmios.
Há
cerca de oito anos, parte de seus integrantes foram viver em Santo
André, onde cursaram a ELT (Escola Livre de Teatro). Essa cisão
temporária propiciou o desenvolvimento de novas ideias, sobretudo, o
interesse em procedimentos colaborativos. Assim nasceram espetáculos
como Nem Tudo está Azul no País Azul e Sobre Meninos, Mendigos e Poetas.
Em
2010, a pesquisa do grupo consistiu em uma investigação do processo
artístico a partir de estudos individuais dos atores com a música. Sob
essa ótica, desenvolveu uma série de espetáculos musicais com o prenome
de Forfé Canta. Em 2012, o grupo foi contemplado com 2º Edital para
Ações Culturais do Ensaiando um País Melhor, quando pôde desenvolver o
projeto Forfé Partilha Poéticas, que resultou no processo criativo
Delírio de Água Ardente, com dramaturgia de Denilson Oliveira.
Neste
ano, e após a temporada de Travessias, espetáculo que atravessava o rio
Piracicaba, o grupo deseja dar continuidade às suas pesquisas
estéticas, almejando suscitar questões de como, a partir da música,
pode-se construir uma metodologia de composição de um espetáculo que
dialogue com a teatralidade contemporânea
.
SERVIÇO – Apresentação
da peça Degredo. Sábado, 29/08, e domingo, 30/08, às 19h. Capacidade:
30 pessoas. Classificação: 16 anos. Local: Centro Comunitário do
Distrito de Ártemis (antiga Estação Ferroviária Sorocabana), avenida
Fioravante Cenedese, s/n. Mais informações pelo e-mail:
forteteatro@gmail.com.
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