Barjas Negri
Ao longo de décadas o Parque do Mirante foi perdendo sua relevância enquanto ponto turístico de grande presença de população da cidade e região. Com isso, suas instalações foram se deteriorando e a frequência tornou-se cada vez menor. O que era lamentável, já que se trata de um dos mais expressivos conjuntos arquitetônicos da cidade, totalmente integrado ao Rio Piracicaba, em especial de sua principal expressão, o “salto”, tão querido por todos e fonte de inspiração para dezenas de artistas plásticos.
Eram necessárias intervenções públicas urgentes, em primeiro lugar para sua manutenção e, depois, para melhorias que trouxessem o público de volta. Gradativamente foi-se trabalhando nesse sentido. As árvores foram podadas, catalogadas e cada uma recebeu sua placa de identificação. As grades de ferro foram retiradas, o calçamento consertado, toda iluminação interna reformulada e ampliada melhorando a acessibilidade e dando maior sensação de segura nça. Somado a isso, a avenida Maurice Allain que dá acesso ao Parque, também teve iluminação melhorada, além de uma pequena intervenção viária facilitando o retorno dos veículos. A segurança foi ainda mais reforçada com a instalação de 16 câmeras de monitoramento eletrônico, controladas pelo Posto da Guarda Municipal à entrada do Mirante e, até um parquinho foi instalado. Mesmo assim, a frequência não aumentou como esperado.
E foi pensando em novas intervenções, atividades e até mesmo em como aproveitar melhor as edificações, é que o prédio à entrada do Parque foi transformado no Núcleo de Educação Ambiental – NEA, mantido pela secretaria do Meio Ambiente. Apenas pela sua instalação já vieram servidores e novas atividades ambientais. Em parceria com a secretaria da Educação foram articuladas atividades para os alunos da rede municipal. O NEA passou a receber mais de 40 mil visitantes por ano. Esta era uma contribuição para revitalização do Mirant e.
Da mesma forma surgiu a ideia de lá instalar um Aquário Municipal, de dimensões maiores que o existente no Museu da Água. Ele permitiria integrar o Rio Piracicaba ao Mirante, além de possibilitar a recuperação da memória do nosso Rio, principalmente dos peixes que o habitavam. Uma boa parceria entre o SEMAE e secretaria de Obras trouxe a transformação de um dos antigos prédios numa belíssima e moderna instalação para peixes do mundo todo. Assim, à margem direita do tradicional Parque do Mirante, surge o Aquário Municipal, proporcionando uma vista privilegiada do “lugar onde o peixe para”.
Seu grande objetivo é auxiliar na educação ambiental, abrindo espaço para a conscientização da importância de preservar os rios Piracicaba e Corumbataí, trazendo para perto da população a fauna que habitou e habita nossas águas, além de outras partes do Brasil e do mundo. São três aquários com pequenos peixes do Piracicaba, da Amazônia e exóticos do mundo todo. Há, ainda, três lagos com os grandes do Brasil e do Piracicaba . O último lago traz a delicadeza e o colorido das carpas. São cerca de 80 espécies que agrupam em torno de dois mil peixes. Vale destacar que os lagos trazem também variedades de espécies e ecossistemas, entre eles o tucunaré, pacu, pirarucu, pintado, dourado e pirambaia.
Para que o público possa ter melhor acolhimento, a acessibilidade ganhou uma atenção especial que vai do piso tátil às placas de identificação dos peixes em braille, rampas para cadeiras de rodas. Todo Aquário foi projetado para garantir conforto nas visitas para portadores de necessidades especiais e pessoas idosas, aliás, esse cuidado pode ser observado já na entrada do Parque que ganhou uma confortável rampa de acesso. O espaço conta ainda com uma sala de biologia e cafeteria.
O acerto na decisão desse investimento está nos dados de visitação: em dois meses passaram pelo aquário mais de 50 mil pessoas, média de 5 mil a cada final de semana. São famílias inteiras que agora, ao visitar o Aquário, dão mais vida ao Parque do Mirante, patrimônio da cidade, e mais impulso ao nosso turismo.
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