segunda-feira, 30 de março de 2015

‘Movimento Negro em Ação’: resgate de uma grande história

Barjas Negri - sábado, 28 de março de 2015

Nesta semana, o Conselho Municipal do Negro de Piracicaba (Conepir) lançou o livro ‘Movimento Negro em Ação’, resultado da união de esforços para que este primeiro volume saísse do prelo.
Todos, prefeitura, Conepir e Oji Papéis, são merecedores de aplausos por este registro histórico dos negros que, ao longo de décadas, têm denunciado e lutado contra o racismo.
Ao comemorar este lançamento nos lembramos de um passado de intensas lutas.
No meu segundo mandato como prefeito, fui procurado por um grupo que reivindicava a criação de um conselho.
Recordo que depois de um caso de racismo numa escola estadual da cidade, o Conselho da Comunidade Negra de São Paulo mandou, a pedido da vítima, que a conselheira Vânia Soares nos procurasse.
Era junho de 2012.
Dentro da sua função, a conselheira procurou, inicialmente, o presidente da Câmara de Vereadores, João Manoel dos Santos, dirigindo a ele o pedido de criação de um conselho municipal voltado aos interesses da comunidade negra.
O vereador, combativo defensor do grupo, disse que tal ação não caberia ao Legislativo, apontando que, neste caso, o caminho era o Poder Executivo.
Independentemente, João Manoel ofereceu espaço na Câmara para realização das primeiras reuniões, garantindo a infraestrutura necessária à construção inicial do processo.
No mês seguinte, lideranças estaduais vieram à Piracicaba para uma reunião no meu gabinete.
Lá estiveram o presidente do CPDPCN de São Paulo, Marco Antonio Zito, Antonio Carlos Arruda, coordenador da Secretaria de Justiça, a professora Vânia Soares, presidente do Conselho da Comunidade Negra de Jaú, membros da sociedade negra piracicabana, entre outros.
Após as apresentações pessoais e dos objetivos do grupo, ficou acertado que, antes do encerramento daquele ano, o Executivo encaminharia à Câmara de Vereadores um projeto de lei criando o Conselho.
Compromisso assumido, compromisso cumprido.
O projeto foi encaminhado, votado e aprovado por unanimidade pelos vereadores no prazo combinado.
Tempos depois, o conselheiro Adilson Abreu me fez o seguinte comentário: “naquele dia, senhor prefeito, escreveu-se uma nova história sobre o movimento negro da cidade. Seu projeto 293/12 virou a Lei Municipal 7.444/2012. Essa história não se apaga mais”.
Quando da assinatura da lei, a mídia trouxe depoimentos de militantes negros, ressaltando que há cerca de 30 anos solicitavam a criação do conselho.
Dessa luta, destacaram as iniciativas do professor Hélio Santos, de Antonio Carlos Arruda e da professora Elisa Lucas.
Todos tentaram, sem êxito, esta conquista, mas merecem referência por nunca terem desistido do objetivo de ter por aqui um conselho que cuidasse e defendesse os interesses e os direitos da negritude piracicabana.
Barjas Negri foi prefeito de Piracicaba (2005-2012)

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