Publicado no JP - 27/06/2015
O
Jardim Chapadão localiza-se no final da Av. Pompeia, após o Jardim
Alvorada, fazendo divisa com a Rodovia do Açúcar e, por estar
distante dos principais centros urbanos, até 2004 o bairro
praticamente não tinha equipamentos sociais.
Até
o deslocamento para outros bairros da região era comprometido,
porque a Av. Pompeia não era asfaltada, nem iluminada, e a
Prefeitura tinha de colocar ônibus diário para o transporte de
alunos para o Jardim Alvorada e Cecap/Eldorado. As crianças não
ficavam sem escola, mas não havia a comodidade e vagas de educação
infantil para todos perto de suas casas.
Durante
a minha gestão à frente da Prefeitura de Piracicaba, foram
construídas duas escolas: a primeira, de ensino fundamental e a
segunda, de educação infantil. A de educação infantil, a EMEI do
Jardim Chapadão, foi concluída e implantada em 2010, com vagas
para berçário, maternal e pré-escola e fazia parte do plano de
expansão da Prefeitura para ampliar a oferta de vagas na educação
infantil na região, contemplando as famílias mais carentes e
garantindo um serviço público de qualidade para as crianças de 0 a
5 anos, além de mais tranquilidade para os pais que precisava deixar
seus filhos para complementar a renda familiar.
Outros
equipamentos sociais, como Posto de Saúde, área de lazer e campo de
futebol de areia, foram implantados no bairro durante a minha gestão
como prefeito. Além disso, a Av. Pompeia foi pavimentada e recebeu
iluminação pública em toda a sua extensão, principalmente nos 900
metros que fazem a ligação com o Jardim Alvorada, aproximando dois
bairros numa integração comercial e social.
No
entanto, devido à sua importância, a EMEI é considerada uma grande
conquista pela população. Com capacidade para atender 233 crianças,
em abril de 2012, por iniciativa do ex-vereador Fausto Sylvestre da
Rocha – pela Lei nº 7281/2012, aprovada pela Câmara de
Vereadores, a escola foi denominada “Professor Doutor Elias
Boaventura”.
O
professor Dr. Elias Boaventura nasceu em Coimbra (MG), em 28 de
janeiro de 1937, e faleceu em 07 de janeiro de 2012. Era casado com
senhora Sylvana Zein, pai de cinco filhos e avô de oito netos. Sua
chegada a
Piracicaba realizou-se em 1973, quando ingressou no Instituto
Educacional Piracicabano como diretor-administrativo.
Teve
importante participação na criação da Universidade Metodista de
Piracicaba (Unimep), onde fez o mestrado em Educação, em 1978. Em
1988, concluiu o doutorado na mesma área, pela Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp). Foi vice-reitor da Unimep, de 1975 a 1978, e
reitor por 8 anos, de 1978 a 1986. Nesse período, coordenou a
fundação do Movimento Negro de Piracicaba, da Associação dos
Favelados de Piracicaba e da Associação dos Funcionários do
Instituto Educacional Piracicabano, da qual foi presidente de honra.
Ao
longo de sua atuação acadêmica, escreveu cinco livros; teve
dezenas de textos publicados em jornais e revistas. Contestador,
idealizou projetos em defesa de grupos minoritários e de parcerias e
convênios internacionais, criando a sua marca na educação e em
outros segmentos sociais de Piracicaba e região.
Durante
a sua trajetória política e acadêmica, organizou e participou de
eventos de declarada oposição à ditadura militar. Como reitor da
Unimep, abriu as portas da universidade e promoveu congressos
políticos e populares e fundou o Projeto Periferia, que beneficiou
37 bairros da cidade com a retirada das crianças das ruas e da
marginalidade, em especial com a criação de pré-escolas.
Merece
destaque também a sua participação no apoio e na realização do
Congresso da UNE, em pleno regime militar, no qual a Unimep teve
importante papel, abrigando mais de cinco mil estudantes de todo o
Brasil, que lutavam pela democratização do País.
Eu
tenho orgulho de dizer que fui seu amigo e aliado na luta pelas
causas sociais e políticas em nossa cidade. Poder, como prefeito na
época, ao lado do então secretário de Educação, o atual prefeito
de Piracicaba, Gabriel Ferrato, descerrar a placa de denominação da
EMEI do Jardim Chapadão de EMEI “Professor Doutor Elias
Boaventura”, apesar da tristeza da perda de um amigo, foi motivo de
alegria por ver seu nome imortalizado em uma escola.