Barjas Negri - Publicado JP 16/06/2012
Nosso parque automotivo é resultado de articulação do município com o governo estadual durante a gestão José Serra, com continuidade no governo Geraldo Alckmin. A leitura que se fazia na ocasião era que, nos últimos 15 anos, São Paulo havia deixado de receber montadoras em decorrência do processo de desconcentração do setor, iniciado nos anos 70, que motivou a migração de empresas e a instalação de novas unidades em outras regiões do país, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Este ciclo trouxe forte prejuízo a São Paulo, pela redução de seu potencial de geração de emprego, renda e impostos.
Até recentemente, o Brasil contava com 19 fábricas de automóveis, mas o desempenho econômico dos países emergentes incentivou empresas internacionais a redesenharem seus planos e retomarem investimentos na América Latina. Esta era a estratégia da japonesa Toyota, da coreana Hyundai, da chinesa Chery, da italiana Fiat e da francesa Peugeot, que começaram a mapear os países da região para saber qual deles estava mais preparado para entrar no roteiro de expansão.
Piracicaba, obviamente, se candidatou à disputa. Tínhamos claro que tais investimentos seriam imprescindíveis como multiplicadores de riqueza no município. Envolvemos toda sociedade e definimos um cronograma de trabalho que nos colocasse em vantagem competitiva frente às demais cidades. Participaram das reuniões representantes do Conselho das Entidades Sindicais, Acipi, Simespi e toda a Câmara de Vereadores, que teve papel vital ao estabelecer um ritmo extremamente veloz de trabalho para aprovar as leis e abrir a cidade a uma nova fase de desenvolvimento.
Com apoio do governo do Estado, definimos vários investimentos em infraestrutura e na ampliação do fornecimento de energia elétrica, um problema grave que limitava a expansão de nossos distritos industriais. Assim, foram gastos milhões de reais na subestação de energia de Santa Bárbara D’Oeste, que abastece Piracicaba. Definimos também a construção de um anel viário, sem o qual o escoamento da produção ficaria prejudicado e conseguimos que a primeira etapa do projeto saísse do papel, via concessão. O Parque Automotivo que está quase pronto, foi criado por lei, como também tivemos uma linha de incentivos às empresas que aqui se instalassem. Essas empresas estão concluindo suas fábricas, onde já trabalham centenas de pessoas.
Todos esses preparativos tornaram Piracicaba muito atrativa. A mudança de cenário fez com que passássemos a figurar entre os maiores municípios do país em qualificação profissional – pela ampliação de escolas técnicas –, infraestrutura urbana, Parque Automotivo e facilidade de escoamento da produção. Sem contar que temos uma legislação eficiente e poderes públicos trabalhando em sintonia, com independência e sem conflitos. Como a estratégia do Estado de recuperar sua condição privilegiada para investimentos industriais também vingou, fomos bem-sucedidos. O resultado? As duas primeiras gigantes asiáticas do setor automobilístico que chegaram ao país optaram por se instalar no interior de São Paulo. A Toyota, em Sorocaba e a Hyundai, em Piracicaba. Estas, por sinal, foram as duas cidades que melhor se prepararam para a disputa.
Assim, fomos contemplados com um investimento de R$ 1 bilhão, que vai permitir, em uma primeira etapa, a produção de 150 mil veículos/ano. A fábrica, composta pela matriz e outras empresas em cadeia produtiva, está sendo projetada para colocar no mercado latino americano 300 mil veículos/ano. Para a cidade, a expansão industrial está gerando imediatamente 4 mil empregos diretos, renda e impostos.
Em dez anos, toda a região será beneficiada com a instalação de dezenas de pequenos e médios fornecedores de peças para atender este mercado, além do desenvolvimento do setor de logística. Enfim, Piracicaba será reconhecida como um importante parque automotivo, o que impactará positivamente no desempenho econômico regional, gerando oportunidades aos jovens que chegam ao mercado de trabalho. Tudo isso sem deixar de levar em conta a preservação ambiental, tão importante para a sustentabilidade da cidade. Com a ampliação da receita oriunda de impostos, a prefeitura terá recursos para investir ainda mais nas áreas carentes do município. Enfim, um ambiente em que todos ganham.
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