segunda-feira, 27 de julho de 2015

Etanol de 2ª geração e as novas perspectivas para o setor sucroenergético

Barjas Negri - Publicado no JP dia 25 de julho de 2015

Nesta semana, a Raízen inaugurou em Piracicaba a sua nova usina exclusiva para a produção de etanol de segunda geração, também conhecido como 2G. A nova usina está em funcionamento desde novembro de 2014 e recebeu investimentos da ordem de R$ 230 milhões para produzir até 40 milhões de litros de biocombustível por ano.
Na verdade, a nova usina está anexada/interligada à Usina Costa Pinto, e é a primeira do Grupo Raízen / Cosan a produzir etanol celulósico, obtido a partir do bagaço e da própria palha de cana de açúcar. Essa nova unidade é resultado de dez anos de trabalho e foi possível graças à parceria da Raízen com a Logen Corporation, empresa canadense de biotecnologia, que resultou na formação da joint venture Logen Energy, detentora de tecnologia de processo de biomassa para a produção do etanol de segunda geração.
Um dos aspectos positivos da nova tecnologia é que ela permite aos resíduos da cana passarem por um pré-tratamento com desestruturação das fibras e transformá-los em açucares solúveis por um processo conhecido por hidrólise enzimática para, finalmente, sofrerem um processo de fermentação que converte o açúcar em etanol. É bom lembrar que além das vantagens ambientais do etanol essa nova tecnologia permite ampliar a produção anual do etanol sem aumentar a área cultivada.
Em paralelo, temos assistido uma certa recuperação do setor a partir deste ano, com ampliação da participação do etanol na demanda total de combustíveis, ainda que insuficiente para estimular novos e importantes investimentos no setor.
Ocorre que a crise do setor sucroenergético tem se arrastado por um período muito longo (2008 – 2014) e, está na hora de haver mais apoio governamental ao setor, de tal forma que os empresários possam dar suas contrapartidas realizando novos investimentos no setor. A articulação das duas ações podem abrir novas perspectivas para ampliação da produção de máquinas e equipamentos para o setor sucroenergético, que é a grande especialidade do setor industrial de Piracicaba e região, que foi muito penalizado nesse período com redução na produção e com corte no emprego.
Agora, com a possibilidade de instalação de novas usinas tipo 2G em São Paulo e no Brasil e, com a conclusão de novas pesquisas do setor agrícola, envolvendo a cana transgênica, o aumento do açúcar da cana e a busca pela cana com tolerância a seca nos próximos anos, abre-se um horizonte mais claro e mais positivo ao setor, ao longo dos próximos 10 anos.


Barjas Negri, prefeito de Piracicaba (2005/2012)

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