sexta-feira, 31 de julho de 2015

Quando Piracicaba comemora seus 248 anos de fundação, esta é uma boa pergunta ...


Afinal, qual a população de Piracicaba?

Barjas Negri

            De vez em quando, aparecem espalhadas pela cidade diversas faixas com o texto “500 mil piracicabanos”, o que induz as pessoas a pensarem que a população da cidade é mesmo de 500 mil pessoas. Isso não é verdade!
            O censo demográfico realizado pelo IBGE em 2010 mostrou que a população de Piracicaba passou de 329.158 pessoas em 2000, para 364.571 em 2010: um aumento de 35.413 cidadãos, ou 10,76% em dez anos, bem abaixo do verificado nas décadas anteriores. E por que esse aumento mais baixo?
            Há várias explicações. Entre elas destacamos a redução do fluxo migratório que atraia muitas famílias para trabalharem na lavoura canavieira da cidade e região, e terminando a safra agrícola, muitas famílias não retornavam às suas origens, passando a morar na periferia ou em novos núcleos de favela. O controle de natalidade e o planejamento familiar que hoje fazem parte do cotidiano da maioria das famílias, fruto do conhecimento de métodos contraceptivos e de maior escolaridade também contam nesse processo, assim como o fato das mulheres terem optado pela maternidade tardia, com menor número de filhos e o aumento da renda familiar, também tem contribuído para diminuir o índice de crescimento populacional.
            Um dado curioso é que os treze municípios do nosso entorno, que são menores, tinham em 2000 uma população total de 168.036 habitantes, e passaram para 199.354 habitantes em 2010: um aumento de 31.318 habitantes, ou 18,65%, índice bem superior ao ocorrido em Piracicaba.
            A tendência é de continuidade de baixo crescimento populacional ao longo dos próximos anos, a exemplo do que tem ocorrido nos demais municípios brasileiros, sobretudo nas regiões sul e sudeste, onde há mais renda e escolaridade. Os demógrafos explicam que está ocorrendo no Brasil um processo de transição demográfica, a exemplo do já havia  ocorrido na Europa. A população brasileira tenderá a se estabilizar nas próximas décadas, e em Piracicaba não será diferente.
            Se na década de 1970, o número médio de filhos por mulheres no Brasil era de 4,7 nos anos de 1990 declinou para 2,6 e hoje está na faixa de 1,9. Isso mesmo! Com a média abaixo de dois filhos por mulher, começa a haver um declínio populacional de longo prazo.
            Vejamos, agora, o que tem ocorrido com a natalidade e a mortalidade. Os dados disponíveis para 2011 mostram que nasceram em nossa cidade 4.757 crianças e tivemos a morte de 2.630 pessoas: um saldo positivo de 2.127 indivíduos nesse ano. É com base nessas estatísticas vitais que o IBGE realiza as estimativas anuais da população brasileira e de seus municípios. Assim para 2012, o IBGE estima para Piracicaba uma população de 369.919 habitantes, com uma proporção cada vez maior de idosos.
            Por outro lado, nos últimos anos, a economia piracicabana se desenvolveu muito com a expansão industrial e novos distritos como o Uninoroeste, Uninorte, Parque Automotivo, Parque Tecnológico, além do crescimento expressivo dos setores comerciais e de serviços. Esse fato tem levado a especulações de que cidade atrairá muitos migrantes, promovendo um crescimento desordenado.
            Nossa percepção não é essa, uma vez que as novas empresas aqui sediadas exigem melhor qualificação profissional de seus trabalhadores, e nesse ponto levaremos vantagem em relação a outros municípios, pela boa qualidade de nossas escolas técnicas de formação profissional, tanto públicas quanto privadas. Vale lembrar que com a recente  criação do Parque Automotivo já foram contratados 4 mil novos trabalhadores. Destes, 80% são piracicabanos que fizeram cursos profissionalizantes, específicos para atender  essa demanda.
            Assim, as informações disponíveis junto ao Núcleo de Estudos de População -  NEP da UNICAMP indicam que em 2020 não ultrapassaremos a casa de 415 mil habitantes: um crescimento de 50 mil pessoas em dez anos, com participação inferior a 15% de migrantes.
            O que precisamos para bem atendê-los é articular mais investimentos públicos e privados para que todos tenham serviços públicos de boa qualidade e que possamos gerar novos empregos para absorver a mão de obra jovem que anualmente chega ao mercado de trabalho.

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