Barjas Negri
JP 04/02/2012
A
usina municipal de leite, indo bem ou indo mal, há treze anos era de
responsabilidade do município. Nosso governo sempre a viu como uma
iniciativa estratégica para incentivar a diversificação das atividades
agrícolas e gerar novas fontes de receita para pequenos e médios
produtores rurais. Com ela poderiam ser criadas alternativas ao
desenvolvimento no campo, principalmente nas áreas afetadas pelo fim da
queimada da cana de açúcar.
Além disso, a indústria leiteira poderia resolver simultaneamente a recomposição
de bacia para abastecer o mercado interno e suprir merenda escolar e
hospitais, locais que consomem muito leite. Portanto, não fazia o menor
sentido vê-la se deteriorando por problemas administrativos, como vinha
acontecendo.
A
usina, criada em 1999, estava praticamente abandonada e desde sua
origem nunca foi explorada em todo seu potencial. Coube à secretaria
municipal de Agricultura e Abastecimento (SEMA) encontrar uma
alternativa para mantê-la em operação e, em 2006, uma proposta foi apresentada à Cooperativa dos Plantadores de Cana (Coplacana), para que a entidade a assumisse integralmente.
Além da expertise
no assunto e a credibilidade junto aos produtores rurais, a Coplacana
teria força para atrair investimentos ao setor leiteiro, há muito
desarticulado por falta de incentivo e, por isso, de consumidor em
escala. O passo foi certeiro. Mais do que rapidamente a cooperativa
demonstrou estar disposta a prestar mais esse serviço à cidade.
Foi
assinado um contrato de 20 anos. Depois de um período para colocar a
estrutura em ordem, em agosto de 2007 a Cooperativa de Produtos Lácteos
(Coplac) começou a operar, produzindo, com apenas 14 fornecedores, dois
mil litros de leite todos os dias. Rapidamente o número subiu para 50
associados e hoje são mais de 115, e uma produção média diária de 12 mil
litros de leite embalado e comercializado.
Na
sequência, a área da usina com 20 mil metros quadrados recebeu novos
investimentos, o que permitiu ampliar a cadeia produtiva, incluindo em
sua grade a fabricação de queijo frescal, meia cura e mussarela, além de
ricota, com perspectiva para a produção de bebidas lácteas.
De
acordo com especialistas, a produção de leite em Piracicaba era
inexpressiva e o consumo local era suprido com produtos vindos de São
Pedro, Ipeúna e outras cidades da região. A usina, portanto, se tornou
um grande atrativo econômico, trazendo de volta velhos produtores que
haviam deixado seus rebanhos de lado para produzir, basicamente, cana de
açúcar. Hoje, a sustentabilidade do setor alimenta previsões otimistas
para o futuro.
No
intuito de fortalecer a cadeia, além de garantir a compra de toda a
produção, a Coplacana fornece assistência técnica e veterinária aos
associados, estimula a melhoria das espécies no aspecto sanitário e
reprodutivo, visando sempre otimizar a produtividade e a qualidade do
leite. A produção da usina é comercializada regionalmente e parte dela é
destinada ao Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (HFC),
Santa Casa e Clínica Dia.
O
que era apenas uma hipótese tornou-se realidade. O empenho do poder
público deu tão certo que Piracicaba conta com uma rede varejista
abastecida com produtos lácteos de fabricação própria. Ou seja, os
produtos Coplac que podem ser encontrados em supermercados e padarias.
Além disso, a agricultura local deu um salto de qualidade, agregando
novo produtores, gerando mais empregos e diversificando a produção, além
de trazer novas divisas ao município. Um projeto exemplar, em que todos
saíram ganhando, principalmente com a recuperação do investimento
público que esta
va perto de se perder.
Barjas Negri, prefeito de Piracicaba (2005/2012)
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