sexta-feira, 27 de novembro de 2015

COPLAC: nova fonte de renda para pequenos e médios produtores




Barjas Negri
JP 04/02/2012 

            A usina municipal de leite, indo bem ou indo mal, há treze anos era de responsabilidade do município. Nosso governo sempre a viu como uma iniciativa estratégica para incentivar a diversificação das atividades agrícolas e gerar novas fontes de receita para pequenos e médios produtores rurais. Com ela poderiam ser criadas alternativas ao desenvolvimento no campo, principalmente nas áreas afetadas pelo fim da queimada da cana de açúcar.
            Além disso, a indústria leiteira poderia resolver simultaneamente a  recomposição de bacia para abastecer o mercado interno e suprir merenda escolar e hospitais, locais que consomem muito leite. Portanto, não fazia o menor sentido vê-la se deteriorando por problemas administrativos, como vinha acontecendo.
            A usina, criada em 1999, estava praticamente abandonada e desde sua origem nunca foi explorada em todo seu potencial. Coube à secretaria municipal de Agricultura e Abastecimento (SEMA) encontrar uma alternativa para mantê-la em operação e, em 2006,  uma proposta foi apresentada à Cooperativa dos Plantadores de Cana (Coplacana), para que a entidade a assumisse integralmente.
            Além da expertise no assunto e a credibilidade junto aos produtores rurais, a Coplacana teria força para atrair investimentos ao setor leiteiro, há muito desarticulado por falta de incentivo e, por isso, de consumidor em escala. O passo foi certeiro. Mais do que rapidamente a cooperativa demonstrou estar disposta a prestar mais esse serviço à cidade.
            Foi assinado um contrato de 20 anos. Depois de um período para colocar a estrutura em ordem, em agosto de 2007 a Cooperativa de Produtos Lácteos (Coplac) começou a operar, produzindo, com apenas 14 fornecedores, dois mil litros de leite todos os dias. Rapidamente o número subiu para 50 associados e hoje são mais de 115, e uma produção média diária de 12 mil litros de leite embalado e comercializado.
            Na sequência, a área da usina com 20 mil metros quadrados recebeu novos investimentos, o que permitiu ampliar a cadeia produtiva, incluindo em sua grade a fabricação de queijo frescal, meia cura e mussarela, além de ricota, com perspectiva para a produção de bebidas lácteas.
            De acordo com especialistas, a produção de leite em Piracicaba era inexpressiva e o consumo local era suprido com produtos vindos de São Pedro, Ipeúna e outras cidades da região. A usina, portanto, se tornou um grande atrativo econômico, trazendo de volta velhos produtores que haviam deixado seus rebanhos de lado para produzir, basicamente, cana de açúcar. Hoje, a sustentabilidade do setor alimenta previsões otimistas para o futuro.
            No intuito de fortalecer a cadeia, além de garantir a compra de toda a produção, a Coplacana fornece assistência técnica e veterinária aos associados, estimula a melhoria das espécies no aspecto sanitário e reprodutivo, visando sempre otimizar a produtividade e a qualidade do leite. A produção da usina é comercializada regionalmente e parte dela é destinada ao Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (HFC), Santa Casa e Clínica Dia.
            O que era apenas uma hipótese tornou-se realidade. O empenho do poder público deu tão certo que Piracicaba conta com uma rede varejista abastecida com produtos lácteos de fabricação própria. Ou seja, os produtos Coplac que podem ser encontrados em supermercados e padarias. Além disso, a agricultura local deu um salto de qualidade, agregando novo produtores, gerando mais empregos e diversificando a produção, além de trazer novas divisas ao município. Um projeto exemplar, em que todos saíram ganhando, principalmente com a recuperação do investimento público que esta va perto de se perder.



Barjas Negri, prefeito de Piracicaba (2005/2012)

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